Resumo: |
Aborda a identificação que a ciência política comumente
estabelece entre Democracia representativa e representação política. Para tanto, é realizada
uma breve revisão histórica sobre o significado da expressão regime democrático
representativo liberal, resultante de um processo de fusão gerado ao longo dos últimos
duzentos anos entre conceitos que, nos finais do século XVIII e para autores como os Federalistas
estadunidenses, Benjamin Constant e Aléxis de Tocqueville, eram essencialmente
antitéticos: democracia e governo representativo, democracia e liberalismo, democracia
e regime republicano. A partir de tal revisão, procura-se questionar a aparente indissociabilidade
que existiria entre a representação e o regime democrático representativo,
assim como submeter à crítica o monopólio político e teórico-conceitual que esse regime
detém sobre a primeira. Isso permitirá refletir a respeito da impostergável necessidade de
reapropriação e ressignificação do conceito de representação política que as correntes
contra-hegemônicas deveriam promover dentro da teoria democrática contemporânea.
O que, por sua vez, abriria outros horizontes para pensar em uma democracia radical não
mais como síntese ou combinação entre elementos da democracia representativa e da
democracia participativa, mas sim como um regime sócio-político que supere a democracia
representativa sem por isso renunciar à formulação de arranjos institucionais que
expressem e recriem o princípio da representação.
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