Resumo: |
Traz uma reflexão sobre o conceito e a prática da representação política, suas possibilidades e seus limites, especialmente trazendo à discussão o paradoxo lógico inerente à relação entre representados e representantes. Retoma o clássico
livro de Hanna Pitkin (1967), no qual, partindo da etimologia e
da história do conceito, refere-se aos tipos por ele engendrados
para a atividade política, segundo a perspectiva liberal, alicerçada
na democracia representativa. O contraponto crítico parte de
Rousseau, com a centralidade do conceito de vontade política,
e reúne posteriormente autores do campo da democracia direta
em suas vertentes à esquerda, como os argumentos apresentados
em um artigo de Paul Sartre e em considerações do pensador
anarquista Lysander Spooner. Toma-se o breve exemplo histórico da
Comuna de Paris, como um momento que propiciou uma reflexão
de Marx sobre esta questão. Nas considerações finais, avalia-se a
hipótese recorrente de que os princípios da representação seriam
complementares. O paradoxo da representação sugere, a partir
dos seus princípios lógicos e normativos que os procedimentos
políticos podem até sobrepor-se, mas parecem ser sobretudo
distintos e contrários. Representação e participação não seriam
complementares, mas contrapostos.
|