Resumo: |
Versa sobre a representação e a eleição no Brasil oitocentista, tomando como objeto o processo eleitoral em torno da elite municipal. Por meio
da análise de dados, de indícios e sinais presentes nas atas de apuração de voto, lista de votante e rol de eleitos para a Câmara do Recife nas seis disputas ocorridas entre os anos de 1829 e 1849, são apresentados alguns apontamentos sobre o perfil
eleitoreiro e de ingresso ao governo local no Império. A análise vislumbrou a heterogeneidade dos protagonistas em questão - eleitores e vereadores, o alargamento da participação na política ativa para escolha dos representantes da municipalidade
e a ampliação do acesso aos postos de mando da cidade no período. O fazer e o viver político não apenas retóricos, mas manifestos nas linguagens e práticas da cidadania de uma parcela maior dos indivíduos daquela sociedade, despontaram como empuxo, curto-circuito ou efeito catalizador de peso e "incentivo" para o processo (trans)formador e de conquista de direitos civis, e, dentre eles, a ampliação
da participação na escolha dos representantes. Isso passou a influenciar a balança do poder, seja porque uma gama maior de pessoas poderia fazer parte do
jogo político-eleitoreiro, influenciando com o seu voto os destinos das elites, seja ampliando o acesso aos postos de comando via representatividade, possibilitando que indivíduos pertencentes a níveis menos escalonados da sociedade pudessem
ascender a tais cargos eletivos. Tudo isso produzia a dialética entre eleição e representação, sendo ela perceptível aos agentes de ambos os lados da dominação política: votantes e votados.
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