Resumo: |
A vitória na eleição de 1950 trouxe Getúlio Vargas de volta ao comando do executivo nacional cinco anos após o fim do Estado Novo. Em um pleito eivado de polêmica, o xadrez político nacional balizou as disputas políticas locais. PTB, PSD e UDN buscaram pragmaticamente construir alianças regionais e oferecer bons palanques para seus presidenciáveis nos estados. Após a divulgação dos resultados das urnas e a vitória do líder trabalhista, reconhecidos políticos e jornalistas manifestaram sua inconformidade, responsabilizando o PSD pelo retorno do "ex-ditador". A pequena votação de Cristiano Machado, candidato pessedista, teria sido motivada pela infidelidade do partido, que abandonara sua candidatura oficial em favor de Vargas. A esse movimento deu-se no nome de "cristianização". Santa Catarina, em princípio, teria sido um desses casos, no qual o PSD local deslocara seu apoio ao candidato trabalhista. Todavia, ao observar as articulações e alianças políticas regionais, as estratégias de campanha e a votação no estado discriminada por município, é possível observar que o movimento de "cristianização" em Santa Catarina foi ambíguo e a vitória de Vargas foi menos impactante do que se supôs. O intrincado jogo político nacional, suas repercussões locais e as incongruências entre as estratégias de campanha e os resultados das urnas em 1950 são alguns dos elementos que esse artigo se propõe a analisar.
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