Resumo: |
O presidente Jair Bolsonaro venceu o pleito eleitoral com forte apelo discursivo nacionalista
e conservador. Esse trabalho analisa qualitativamente a aderência desses temas em seus 27
anos como parlamentar, em seus discursos de campanha e nos nove primeiros meses de
governo (janeiro de 1991 a setembro de 2019). Os resultados demonstram um forte apego ao
passado, a prevalência de pautas militares e uma mudança a partir de 2014 por uma pauta de
costumes e com conteúdo evangélico onde Bolsonaro passa a polemizar mais ainda em seus
pronunciamentos. A maior mudança de seu discurso se deu no campo econômico. Percebemos
também que na mídia tradicional Bolsonaro sempre apareceu como um parlamentar polêmico,
agressivo, raivoso e um militar estatizante. Nas suas mídias sociais, trabalha uma imagem de
quem defende os valores da família e da sociedade. Nosso embasamento teórico é norteado
pelas noções de representatividade política de Bernard Manin (1995, 1999), pelas teses sobre
a subjetividade contemporânea de Christopher Lasch (1984), pela concepção de campanha
permanente (Heclo, 2000) e pela Análise de Discurso de Patrick Charaudeau (2011). Bolsonaro
segue, nove meses após sua eleição, contestando dados e tendenciando que todas as verdades
são parciais e defendendo a representação de um acontecimento de diversas maneiras, onde
deve prevalecer seu modo de pensar.
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