A cor dos eleitos : determinantes da sub-representação política dos não brancos no Brasil
Parece fora de qualquer polêmica o fato de que a política nacional é majoritariamente branca. Levantamentos recentes indicam que a proporção de negros no parlamento federal nunca ultrapassou os míseros 9%. Mas a despeito dessa evidente marginalidade, pouco se sabe sobre as causas dessa sub-represent...
Principais autores: | Campos, Luiz Augusto, Machado, Carlos Augusto Mello |
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Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | Português |
Publicado em: |
2017
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Assuntos: | |
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Resumo: |
Parece fora de qualquer polêmica o fato de que a política nacional é majoritariamente
branca. Levantamentos recentes indicam que a proporção de negros no parlamento
federal nunca ultrapassou os míseros 9%. Mas a despeito dessa evidente marginalidade,
pouco se sabe sobre as causas dessa sub-representação política. Este artigo pretende
elucidar quais são os principais filtros que afastam os não brancos, pretos e pardos, da
política brasileira. Para tal, foi feito um levantamento sobre a cor dos candidatos a vereador
nas eleições de 2012 nas duas maiores cidades brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro.
Diante da carência de registros oficiais sobre a raça ou cor desses candidatos, optamos
por submeter suas fotos, disponibilizadas pelo TSE, à classificação de uma equipe de pesquisadores. Os resultados permitiram entender até que ponto o alheamento político dos
não brancos brasileiros se deve: (i) a vieses no recrutamento partidário; (ii) às diferenças
de capital educacional e patrimônio entre os candidatos brancos e não brancos; (iii) às
desigualdades na distribuição dos recursos partidários e eleitorais; ou (iv) às próprias
preferências eleitorais dos votantes. Ao que parece, as chances eleitorais dos pretos e
pardos refletem as dificuldades que esses grupos têm em ascender à pequena elite de
candidatos que possuem os maiores financiamentos e as maiores votações. |
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