Resumo: |
Examina as transições políticas relacionadas à cultura política em dois
contextos diferentes: Brasil e Argentina, nos quais ocorreram transições com modelos
bastante distintos: enquanto no contexto brasileiro a transição foi negociada,
lenta, gradual, na Argentina a derrota militar foi muito mais marcante e abrupta,
com ampla participação da sociedade civil. A hipótese de pesquisa é de que, partindo
destes diferentes modelos de transição, os dois países apresentam cenários
distintos em termos de cultura política e de capital social. Desse modo, presumese
que em um modelo transicional mais negociado e gradual, como o brasileiro,
observa-se uma democracia de menor qualidade do ponto de vista das percepções
e comportamentos dos cidadãos em relação a um modelo de derrota mais enfática
dos incumbentes autoritários, como é o caso argentino. Do ponto de vista empírico,
este artigo utiliza dados do Latinobarómetro, que apresentam traços da cultura
política do Brasil e da Argentina, nos anos de 1995, 2000, 2005, 2010 e 20151 - ocasionalmente
complementados por dados do World Values Survey de 1990. A partir
desses dados, verifica-se longitudinalmente como tem sido constituída a cultura
política nos dois países no período de 1990-2015, seus padrões de aproximação
com idéias autoritárias e com perspectivas mais democráticas e protagônicas da
sociedade civil.
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