Resumo: |
Realiza uma análise crítica da postura de vereadores
de um município do estado de Minas Gerais por meio do diálogo entre diferentes
perspectivas teóricas. Demonstra a aproximação da representação política com a representação
teatral, recorrendo, para tanto, a uma postura epistemológica crítica. Utiliza-se
a noção de representação política como encenação, ou seja, como um teatro político
ou teatro social, em que os políticos eleitos acabam assumindo o papel de tomadores
de decisões em lugar dos cidadãos, e esses, por sua vez, assumindo o papel de simples
espectadores. Acredita-se que o propósito da representação por parte do representante
tenha a intenção de dirigir e regular a impressão que os representados possam vir a fazer
deles, por meio do controle de expressões. Essas ideias são apoiadas por Rousseau (1978),
que sugere um paralelo entre a representação parlamentar e a moderna representação
teatral, adotando uma postura crítica em relação a ambas. Para a pesquisa em questão,
adotou-se uma metodologia qualitativa, com a utilização de roteiros semiestruturados de
entrevistas. Como resultado das análises do discurso dos vereadores, observou-se que, de
fato, o comportamento dos mesmos evoca elementos de uma representação teatral, que se
demonstram ainda mais intensificados quando os vereadores discutem sobre a transmissão
pela TV das sessões da Câmara Legislativa. Assim, considera-se que tal comportamento
provoque um distanciamento de uma representação pública que garanta a dialogicidade
no processo decisório, ou seja, que esteja próxima da vontade dos representados.
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