Resumo: |
As eleições municipais paulistanas de 2016 oferecem uma excelente oportunidade
para testarmos algumas teses sobre a dinâmica política local. Marcadas
por uma conjuntura de crises moral, política e econômica, esperava-se que essas
eleições rompessem com a tradicional polarização que caracteriza as eleições da
maior cidade do país. A acachapante vitória de João Dória (PSDB) logo no primeiro
turno, a pequena votação do incumbente do Partido dos Trabalhadores e
o alto número de votos nulos pareciam confirmar isso. No entanto, uma análise
mais detida dos dados sugere cautela nestas interpretações. Neste artigo desenvolvo
essa análise, de tom eminentemente descritivo. Mostro que, apesar da margem
de vitória de Dória, PT e PSDB dividiram a preferência dos eleitores na maior
parte das seções eleitorais. Mostro também que partidos de centro, notadamente
o PMDB, continuam à margem da disputa, e que o fator mais importante para
entender o desempenho dos partidos é a interação entre a estratégia de coligação
eleitoral e a organização partidária.
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