Resumo: |
Sintetiza pesquisa de mestrado que analisou 316 matérias, publicadas na revista Veja ao longo das últimas quatro décadas, abordando a atuação das mulheres no campo político. Com isso, investiga-se modos de representação discursiva da Veja sobre
mulheres que têm atuado na política nacional e internacional entre 1969 e 2010, partindo-se
da premissa de que a mídia pode contribuir com os obstáculos estruturais que dificultam a presença das mulheres nos espaços de poder ao propagar visões de mundo que tendem a reforçar a naturalização de hierarquias patriarcais. A fim de verificar a hipótese de que a Veja reproduza uma imagem 'mascarada' das mulheres que atuam no campo político,
encobrindo sua atuação política e destacando sua vida privada, detalham-se elementos que
compõem os estereótipos de gênero da representação das mulheres pela Veja e que
facilitam a reprodução dessa naturalização. Para isso, propõe-se apresentá-los por meio de três categorias de análise: i) corporalidade, que trata das representações estetizantes e corporificadas; ii) ethos feminino, que detalha a ideia da representação por uma 'feminilidade' universalizante; e iii) vida privada, que discute como elementos da esfera privada da vida dessas mulheres são expostos publicamente. Busca-se colocar em discussão a interferência dessas narrativas, no contexto brasileiro, sobre a construção da imagem da mulher na política. Conclui-se que as referências às mulheres envolvidas na
política seguem constantes, de modo a corporificá-las, a dar destaque a suas vidas privadas
e a insinuar a existência de uma feminilidade universal dentro da qual elas deveriam atuar.
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