Resumo: |
Investiga se, e como, a disputa presidencial no Brasil pode ser apontada como um elemento organizador da competição político-partidária no país. Especificamente, busca-se realizar uma análise empírica capaz de enfrentar duas questões: qual o efeito da disputa presidencial em relação à organização dos partidos na competição eleitoral para os cargos de governador e deputado federal (oferecendo um panorama da situação com relação às legendas); como a disputa pelo Executivo nacional pode ter influenciado a decisão do voto para deputado federal nas eleições de 2010 e 2014 (tendo como alvo as atitudes dos eleitores). Para tanto, apresenta-se uma abordagem empírica, que utiliza dados do Tribunal Superior Eleitoral e do Estudo Eleitoral Brasileiro dos mencionados anos eleitorais, com o intuito de fomentar reflexões sobre uma questão que tem despertado a atenção de estudiosos do sistema político no país: a capacidade de organização da competição política em torno da disputa pela chefia do Executivo federal. Os resultados, obtidos a partir da interpretação de modelos de regressão logística multinomial e de associações estatísticas entre variáveis, sugerem que devemos considerar com cautela o argumento de que a eleição presidencial pode contribuir para a organização da competição política e, por via reflexa, do sistema partidário nacional. As principais evidências indicam que os partidos e os eleitores não tomaram, no período observado, a eleição presidencial como um guia para as decisões relacionadas à disputa por assentos na Câmara Baixa. Por fim, argumenta-se que as dinâmicas de competição política subnacional, em especial as eleições para a chefia do Executivo estadual e municipal, merecem ser examinadas com mais atenção.
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