Imprensa e voto nas eleições presidenciais brasileiras de 2002 e 2006

Apresenta os resultados de uma pesquisa sobre os efeitos da cobertura da imprensa no voto nas eleições presidenciais brasileiras de 2002 e 2006. Argumenta-se que ela foi um fator importante em ambos os pleitos. A variável dependente é formada pelas séries históricas de intenção de voto dos principai...

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Autor principal: Mundim, Pedro Santos
Outros Autores: Tribunal Superior Eleitoral
Tipo de documento: Artigo
Idioma: Português
Publicado em: 2020
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Resumo: Apresenta os resultados de uma pesquisa sobre os efeitos da cobertura da imprensa no voto nas eleições presidenciais brasileiras de 2002 e 2006. Argumenta-se que ela foi um fator importante em ambos os pleitos. A variável dependente é formada pelas séries históricas de intenção de voto dos principais candidatos: Lula (Partido dos Trabalhadores), Serra (Partido da Social Democracia Brasileira), Garotinho (Partido Socialista Brasileiro) e Ciro (Partido Popular Socialista) em 2002, e Lula, Alckmin (Partido da Social Democracia Brasileira), Heloísa Helena (Partido Socialismo e Liberdade) e Cristovam Buarque (Partido Democrático Trabalhista) em 2006. A principal variável explicativa é a cobertura eleitoral de quatro grandes jornais do país: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil. Completam o modelo as seguintes variáveis de controle: propaganda partidária dos candidatos, o Horário Político Gratuito Eleitoral no 1º e 2º turnos, os debates presidenciais e o índice de popularidade presidencial. Os modelos foram estimados via MQO. Os resultados dos testes indicam que, em 2002, a cobertura da imprensa de Lula e Ciro Gomes foi uma das responsáveis pela variação observada nas suas respectivas intenções de voto. Em 2006, a dinâmica foi um pouco mais complexa. Apenas as intenções de voto em Heloísa Helena foram afetadas por sua própria cobertura. A princípio, é surpreendente que a cobertura extremamente negativa de Lula não tenha lhe custado votos. Mas ela teve um impacto indireto, e importante, para Alckmin e Cristovam Buarque. Como esse impacto foi maior durante o escândalo do dossiê tucano, pode-se afirmar que a cobertura da imprensa contribuiu decisivamente para a ocorrência do 2º turno na última eleição presidencial. Esses resultados mantêm-se mesmo quando se analisam os votos de eleitores de grupos de escolaridade distintos, um controle para os diferentes níveis de exposição aos jornais.