| Resumo: |
Não verás país nenhum, do escritor brasileiro Ignácio de Loyola Brandão, é uma distopia que apresenta o que poder ser um futuro próximo no Brasil. Em Não verás país nenhum, Souza, narrador-personagem, conta aquilo que poderá vir a ser o nosso país em pleno caos que o próprio ser humano criou com o passar do tempo: escassez de alimentos e água; proibição de livre circulação da população; opressão; autoritarismo; falsificação da história; o desastre ecológico ameaçando a sobrevivência; a violência direta e indiretamente exercida.
A história se passa São Paulo, uma cidade tomada pela poluição, após a morte dos rios, das plantas, dos animais e na qual as pessoas fazem de tudo para sobreviver. Não só São Paulo, mas também o país é tomado pelo chamado Esquema, uma espécie de força ditatorial muito semelhante àquela de 64. Há fichas para água, a que poucos têm acesso; fichas de circulação, pois não se pode mais circular por todo canto, cada um só pode pegar um ônibus predeterminado; carros não são mais usados; as comidas são todas feitas em laboratório; há, inclusive, um museu de água de rios. A história, nos livros, é sempre reescrita, de acordo com as ordens e critérios do Esquema.
Após experiências em laboratórios e explosões nucleares, pessoas se tornaram doentes; as mulheres são estéreis, as crianças quase não existem mais. De todo lado surgem pessoas estranhas, fugindo do forte sol que aniquila qualquer vida. Muitas têm uma aparência assustadora: há os carecas que estão descascando; pessoas que perdem as unhas; sujeitos sofrem de ossos amolecidos; há os que ficaram cegos, ou que os olhos saltaram e ficaram despencados; há os sem destes; os sem nariz; e aqueles com furos nas mãos. Há um medo generalizado, entre o que se pode considerar “classe média” de invasões e de assassinatos por parte desses miseráveis. Pobres, menos favorecidos, são transferidos para os chamados Acampamentos Paupérrimos, onde vivem em condições desumanas.
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